O blog do Leandro Alves

As pessoas são todas umas bisbilhoteiras.  Falam dos vizinhos, falam dos amigos pelas costas, espiam a vida dos outros.  O jornaleiro, o dono da padaria, o cobrador do ônibus, o marido da vizinha, o professor do colégio — ninguém escapa deste prazer humano de falar da vida dos outros.  Pode ser falar bem, mas também falar mal. Algumas pessoas são como eu, transformam tudo em crônicas.

Leandro Alves

Coisas que aprendi com o psicólogo Marcos Lacerda

 

 

 

Coisas que aprendi com o psicólogo Marcos Lacerda

Leandro Alves

Aprendi que todo ser humano é vazio, que é inútil tentar preencher este vazio comprando bens materiais, entrando em relacionamentos, vestindo roupas caras, acumulando dinheiro. Isso meu lembra do poema “Eu, etiqueta”, do Carlos Drummond de Andrade. Diz assim: “Em minha calça está grudado um nome / que não é meu de batismo/ Um nome … estranho / meu blusão traz lembrete de bebida / que jamais pus na boca / nesta vida / em minha camiseta a marca de cigarro / que não fumo / até hoje não fumei.” Imagino que o Doutor Marcos Lacerda conheça este poema. Vai adorar, caso não se lembre.

Aprendi que não precisamos gostar de tudo em nós mesmos, podemos ter amor próprio com nossas limitações e pontos fortes.

Aprendi que o medo de ouvir não impede a gente de conhecer pessoas novas, que arriscar, de tentar. Ter a humildade de entender que nem todo mundo gosta da gente da mesma forma que a gente não gosta de todo mundo, ajuda a melhorar um pouco a timidez.

Aprendi que nós devemos tratar a nós mesmos da mesma forma que nós tratamos nossos amigos. Com a mesma gentileza, com a mesma compreensão, com a mesma gentileza.

Aprendi que não receber uma resposta de alguém já é uma resposta.

Aprendi que envelhecer de forma saudável é envelhecer com amigos. Marido ou mulher morre um antes do outro, filho cresce e vai embora, nada disso garante. Amigo, sim. É uma forma de ficar velho sendo cuidado.

Aprendi que a melhor forma de combater a solidão é procurar uma tribo. Pode ser fazer aulas de teatro, um grupo de corrida, um grupo de voluntários, aulas de dança ou grupo da igreja. Contanto que seja não vida real.

Aprendi que entre a opinião de qualquer pessoa e a nossa, que nós fiquemos com a nossa. Pai, mãe, psicólogo, pastor, marido, mulher, namorada. Entre a opinião deles e a nossa, melhor a nossa.

Aprendi que uma pessoa que humilha os outros é uma pessoa feia e a gente não precisa sofrer por gente feia. Feia na alma, que fique bem claro.

Aprendi que se uma pessoa não gosta dela mesma, pelo menos que deixa as outras pessoas gostarem dela.

Aprendi que a coisa mais violenta que existe é quando alguém nos rouba o direito de sentir. Quando alguém diz que nosso sentimento é bobagem, minimiza nossa dor, desacredita da nossa alegria.

Aprendi que de vez em quando é bom mandar um amigo para o inferno, mas que é natural a gente sentir saudade e ir lá no inferno trazer o amigo de volta.

Aprendi que somos donos do que nós falamos, não do que os outros entendem.

Aprendi que “Amar desamar amar de novo”, “Amar-se: uma viagem em busca de si mesmo” e “Amar e ser livre é possível” são verdadeiros gestos de generosidade.  Livros muito bons de ler.

Aprendi a recomendar o canal Nós da Questão para todo mundo que precisa.

Aprendi que se uma pessoa quebra uma perna, não pensa duas vezes para ir ao hospital buscar ajuda. Por que não fazer o mesmo com a saúde mental? Quem disse certa vez foi o poeta Ferreira Gullar, mas tem tudo a ver com o trabalho do Nós da Questão.

Aprendi como é bom dar e receber abraços.

Aprendi que sorrir é muito sedutor. As pessoas são naturalmente tristes e insatisfeita, gente alegre por perto ninguém resiste.

Aprendi que a melhor maneira de ser forte é não esconder nossas fraquezas.

Aprendi que o outro pode estar disponível para nós, mas não à nossa disposição. O outro tem a vida dele, as prioridades, coisas para fazer.

 

Crédito da imagem: site Pinterest

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Respostas de 4

  1. Amigo,
    Essa crônica é uma lição de vida!!!!!
    Muito obrigado!!!
    Deus te abençoe sempre, abraços!!

  2. Olá leandro, somente hoje vim te ler e gostei bastanre.
    Saindo fora de possivel ficção, entendi que este dr. é teu terapeuta, que bom poderes dizer tudo isto dele e assim abertamente.
    Como já fu uma psicanalista, tua reflexão me fez lembrar de um rapaz também qeu foi meu paciente.
    Coisas da vida e de moços. Minhas reflexões atuais estão em outra dimensão….. no envelhecimento, porém ainda não consigo falar tão abertamente!
    Abraço
    Muito bom ! obrigada pela confiança. ora desat vou postar

    1. Laura, obrigado por tudo e por estar sempre por aqui! Então, o Doutor Marcos Lacerda é um YouTuber que eu adoro. Meu terapeuta é um outro, mas acompanho os vídeos, lives, vídeos e li os livros dele. Fora a palestra ótima que fui aqui em Belo Horizonte. No canal Nós da Questão tem muita coisa sobre envelhecer também, viu. Tem para todo mundo.

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Foto: Gustavo Noronha

Leandro Alves
Muito prazer!

Mineiro, de Belo Horizonte, cronista, formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, a PUC Minas.  Comecei a escrever crônicas postadas nas minhas redes sociais, muita gente gostou e eu continuei. Atualmente, cronista do jornal Porta Voz de Venda Nova. O jornal é impresso, mas esporadicamente também é distribuído online.

Participei do livro “Escrevendo com as emoções”, editora Leonella, sob a curadoria da escritora Márcia Denser.  De 2015 até maio de 2023, participei do Estúdio de Criação Literária, nos formatos presencial e online.

Depois de ler “O padeiro”, crônica de Rubem Braga, e “Flerte”, de Carlinhos de Oliveira, decidi que o que mais desejo fazer nada vida é ser cronista.

Acredito que todos nós, sem exceção, todo dia que saímos de casa, queiramos nós ou não, participamos de um grande filme mudo chamado vida e que tem sempre alguém bisbilhotando tudo o que a gente faz e falando da gente pelas costas. Neste caso, alguns são como eu e escrevem crônicas.  Muito prazer!

Curadoria Márcia Denser