O fogão e a felicidade
Leandro Alves
Num ônibus, numa tarde de uma segunda-feira, lá pelas três horas da tarde, um cavalheiro puxa assunto comigo quando eu estava sozinho num banco, passando pelo centro de Belo Horizonte.
— Tô tão feliz hoje.
— Que bom, rapaz.
— O que que foi?
— Comprei um fogão lá para casa.
— É por isto que você está tão feliz, moço?
— Sim, mas não posso contar para todo mundo não. Não é? Se eu contar, alguém pode rir de mim. Feliz só por isto?
— Contei só para você, bom?
— Que coisa boa. Tá bom!
Naquela tarde eu descobri que na casa de muita gente não tinha fogão. Quando aquele cavalheiro disse para mim comprou um, imaginei que finalmente ele poderia fazer café de manhã, esquentar a marmita antes de ir para o trabalho, preparar ali as refeições dele. Coisas que a gente faz todo dia, mas sem dar muita importância para isso.