O blog do Leandro Alves

As pessoas são todas umas bisbilhoteiras.  Falam dos vizinhos, falam dos amigos pelas costas, espiam a vida dos outros.  O jornaleiro, o dono da padaria, o cobrador do ônibus, o marido da vizinha, o professor do colégio — ninguém escapa deste prazer humano de falar da vida dos outros.  Pode ser falar bem, mas também falar mal. Algumas pessoas são como eu, transformam tudo em crônicas.

Leandro Alves

Se eu soubesse

 

 

 

Se eu soubesse

Leandro Alves

Se eu soubesse, há muitos anos entenderia que no trabalho nem todo mundo era meu amigo, que bastava trabalhar, pegar meu dinheiro, ir para casa. Não me importaria tanto com o “Bom dia”, “boa tarde” e o “Boa noite” de que não é de sequer de um simples “Olá”.

Se eu soubesse, teria escutado deixado que falasse de mim o que quisessem, não sairia por aí dependendo do sorriso dos outros, do olhar dos outros, do benquerer de quem ser que fosse.

Afinal, há tanta gente por aí querendo ser vista e ouvida. Pessoas que estendem a mão, mas os outros não apertam. Gente que sorri, mas ninguém sorri de volta. Gente que precisa as vezes do meus braços, dos meus ouvidos, de mãos estendidas.

Acontece que não sabia. Como até hoje muita coisa não sei. O que fica da vida não são é o que é certo, mas são as surpresas.

 

Crédito da imagem: Pixabay

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Respostas de 2

  1. Uma crônica do bom proceder…
    A nós sempre tão necessário!!
    Obrigado, amigo!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Foto: Gustavo Noronha

Leandro Alves
Muito prazer!

Mineiro, de Belo Horizonte, cronista, formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, a PUC Minas.  Comecei a escrever crônicas postadas nas minhas redes sociais, muita gente gostou e eu continuei. Atualmente, cronista do jornal Porta Voz de Venda Nova. O jornal é impresso, mas esporadicamente também é distribuído online.

Participei do livro “Escrevendo com as emoções”, editora Leonella, sob a curadoria da escritora Márcia Denser.  De 2015 até maio de 2023, participei do Estúdio de Criação Literária, nos formatos presencial e online.

Depois de ler “O padeiro”, crônica de Rubem Braga, e “Flerte”, de Carlinhos de Oliveira, decidi que o que mais desejo fazer nada vida é ser cronista.

Acredito que todos nós, sem exceção, todo dia que saímos de casa, queiramos nós ou não, participamos de um grande filme mudo chamado vida e que tem sempre alguém bisbilhotando tudo o que a gente faz e falando da gente pelas costas. Neste caso, alguns são como eu e escrevem crônicas.  Muito prazer!

Curadoria Márcia Denser