Que se faça cumprir

Que se faça cumprir

Leandro Alves

“Escrevo porque não tenho olhos azuis”, falou uma vez o escritor Lúcio Cardoso.

Lembrei desta frase quando trabalhava no centro cultural, dentro da biblioteca, indicando, emprestando livros, falando o tempo todo sobre eles, sentindo o cheiro deles.

Uma das coisas que eu adorava na época, era o papo de balcão.
No centro cultural tem muito mais do que a biblioteca: aulas de capoeira, ensaio de bloco de carnaval, show, aula de forró, aulas de Yoga e muitas outras coisas. A atividade mais concentrava o maior número de mulheres bonitas: as aulas de Yoga.

Se fosse parafrasear Machado de Assis, escreveria uma crônica com o título de “A queda que as mulheres tem pelos professores de Yoga”.

Nas aulas de Yoga, duas loiras chamavam a atenção. Eram mãe e filha. Era bonitas, sérias, não eram muito de “Olá” e “Tchau”.
Professor de Yoga, guru de meditação, coach disso ou daquilo. Homens assim costumam fazer muito sucesso com as mulheres.
A loira madura estava apaixonada pelo professor de Yoga.
Dava para ver nos olhares, na atenção quase que exclusiva do professor para ela durante as aulas, coisas que quem está de fora sempre percebe.

Durante as aulas o filho da loira ficava na biblioteca conversando com a gente.

Que menino mais legal!

Dez anos mais ou menos.

Foi ele quem disse que “as empadas que o professor de Yoga fez na casa dele estavam ótimas”, por exemplo.

Acho que vocês entenderam.

Eu me lembro da mulherada na biblioteca falando entre elas: “Esse menino vai pegar muita mulher quando ele crescer. Que olhos mais lindos são estes?”

Abençoado pelas mulheres desde pequeno.
Profecia foi dada.

Que se faça cumprir então.