O blog do Leandro Alves

As pessoas são todas umas bisbilhoteiras.  Falam dos vizinhos, falam dos amigos pelas costas, espiam a vida dos outros.  O jornaleiro, o dono da padaria, o cobrador do ônibus, o marido da vizinha, o professor do colégio — ninguém escapa deste prazer humano de falar da vida dos outros.  Pode ser falar bem, mas também falar mal. Algumas pessoas são como eu, transformam tudo em crônicas.

Leandro Alves

Livros proibidos

 

 

 

 

Livros proibidos

Leandro Alves

Tenho diante de mim apenas uma mesa com um pão bem quente com manteiga e um café fumegante, mas ali está um livro.
Livros me permitem viajar o mundo todo sem visto ou passaporte!
E como viajo!
Vou para o final dos anos 1960, entro na China, em plena ditadura de Mao Tsé-Tung, quando os jovens formam a chamada Guarda Vermelha e os intelectuais são duramente perseguidos; alguns, com sorte, são mandados para as montanhas viver, para serem reeducados pelos camponeses. Estou entre eles.
Eu — que frequento sebos, compro livros a dez reais e os embrulho em papel de pão — viajo por uma época em que livros são proibidos, leituras são clandestinas, contrabandeadas. Junto com Luo, o amigo dele e a bela costureirinha, também ajudo a roubar a maleta de livros proibidos do Quatro -olhos.
A reeducação é dura e o trabalho pesado; no entanto, temos os três a beleza dos lagos, o verde das montanhas, a contação de histórias, uma maleta cheia de livros.
Acabo o lanche da tarde, mas não sou mais um simples leitor. Meu coração está transbordando de aventuras!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Foto: Gustavo Noronha

Leandro Alves
Muito prazer!

Mineiro, de Belo Horizonte, cronista, formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, a PUC Minas.  Comecei a escrever crônicas postadas nas minhas redes sociais, muita gente gostou e eu continuei. Atualmente, cronista do jornal Porta Voz de Venda Nova. O jornal é impresso, mas esporadicamente também é distribuído online.

Participei do livro “Escrevendo com as emoções”, editora Leonella, sob a curadoria da escritora Márcia Denser.  De 2015 até maio de 2023, participei do Estúdio de Criação Literária, nos formatos presencial e online.

Depois de ler “O padeiro”, crônica de Rubem Braga, e “Flerte”, de Carlinhos de Oliveira, decidi que o que mais desejo fazer nada vida é ser cronista.

Acredito que todos nós, sem exceção, todo dia que saímos de casa, queiramos nós ou não, participamos de um grande filme mudo chamado vida e que tem sempre alguém bisbilhotando tudo o que a gente faz e falando da gente pelas costas. Neste caso, alguns são como eu e escrevem crônicas.  Muito prazer!

Curadoria Márcia Denser