Livros proibidos
Leandro Alves
Tenho diante de mim apenas uma mesa com um pão bem quente com manteiga e um café fumegante, mas ali está um livro.
Livros me permitem viajar o mundo todo sem visto ou passaporte!
E como viajo!
Vou para o final dos anos 1960, entro na China, em plena ditadura de Mao Tsé-Tung, quando os jovens formam a chamada Guarda Vermelha e os intelectuais são duramente perseguidos; alguns, com sorte, são mandados para as montanhas viver, para serem reeducados pelos camponeses. Estou entre eles.
Eu — que frequento sebos, compro livros a dez reais e os embrulho em papel de pão — viajo por uma época em que livros são proibidos, leituras são clandestinas, contrabandeadas. Junto com Luo, o amigo dele e a bela costureirinha, também ajudo a roubar a maleta de livros proibidos do Quatro -olhos.
A reeducação é dura e o trabalho pesado; no entanto, temos os três a beleza dos lagos, o verde das montanhas, a contação de histórias, uma maleta cheia de livros.
Acabo o lanche da tarde, mas não sou mais um simples leitor. Meu coração está transbordando de aventuras!