Como se chega ao amor
[ Minicrônica de Leandro Alves]
Reparo num cena cotidiana. Num domingo de família, todos reúndidos, mãe, pai, avós, filhos e netos quando os olhos da avó ficam rasos d’água.
— A vovó te ama.
A menininha interrompe a brincadeira de esconde esconde, limpa uma na outra as mãos cheias de terra, olha os adultos e responde sem pensar:
— Ah, tá.
A avó acrescenta:
— O titio também te ama.
— Tá bom, vó.
O irmão já se escondeu, ela quer encontrá-lo para sair vitoriosa da brincadeira, a adrenalina está a todo vapor. O irmão e a prima correram muito pela casa, estão todos suados, a menininha também está suada. Os adultos estão pálidos, com cara de choro, mãos tremendo, pernas bambas e tudo isso é um puro contraste com a alegria da infância.
Mais tarde, já com caneta e papel em mãos, fico pensando no porquê usamos frases como “eu amo você”, “Titio te ama”, “Vovó te ama”, “papai te ama” e “Mamãe te ama” ao invés do curto e direto “Eu te amo”. Talvez — apenas talvez — pelo fato de que “Eu te amo” tenha uma força que nem todo mundo suporta. Não apenas de dizer, ouvir também. Acho que é como se provocassse um certo tremor de terra, como se o tempo parasse, como se pudessemos parar um instante o relógio do mundo.
Uma resposta
Verdadeiramente, um eu te amo!!!! Mexe conosco!!!
Da arrepios, é muito importante!!!
Deus te abençoe sempre amigo!
Boa crônica!