O blog do Leandro Alves

As pessoas são todas umas bisbilhoteiras.  Falam dos vizinhos, falam dos amigos pelas costas, espiam a vida dos outros.  O jornaleiro, o dono da padaria, o cobrador do ônibus, o marido da vizinha, o professor do colégio — ninguém escapa deste prazer humano de falar da vida dos outros.  Pode ser falar bem, mas também falar mal. Algumas pessoas são como eu, transformam tudo em crônicas.

Leandro Alves

A angústia segundo Clarice Lispector

 

Leandro  Alves

 

Um rapaz pergunta à Clarice Lispector: “ O que é a angústia?” Clarice responde numa crônica saborosíssima que depende o angustiado. Há angústia em fugir da angústia, não ter esperança, não ser você mesmo.

Eu — que adoraria ter conhecido Clarice — escrevo esta crônica para me meter na conversa dos dois. É fascinante a questão levantada pela autora de “A hora da estrela”, “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”, “A paixão segundo GH”, entre outros.

A primeira coisa mais angustiante do mundo é não querer sofrer. Isolar-se do mundo por não querer o sofrimento, ter medo de viver, de ser feliz.  Depois, vem a dor de não querer ficar velho. Querer ficar com o mesmo corpo para sempre, a mesma disposição, o mesmo viço.  Acima de tudo está o tempo, que nos mostra que não há alegria que dure para sempre e nem sofrimento que nunca acabe. Gostou da minha intromissão, Clarice?

 

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Foto: Gustavo Noronha

Leandro Alves
Muito prazer!

Mineiro, de Belo Horizonte, cronista, formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, a PUC Minas.  Comecei a escrever crônicas postadas nas minhas redes sociais, muita gente gostou e eu continuei. Atualmente, cronista do jornal Porta Voz de Venda Nova. O jornal é impresso, mas esporadicamente também é distribuído online.

Participei do livro “Escrevendo com as emoções”, editora Leonella, sob a curadoria da escritora Márcia Denser.  De 2015 até maio de 2023, participei do Estúdio de Criação Literária, nos formatos presencial e online.

Depois de ler “O padeiro”, crônica de Rubem Braga, e “Flerte”, de Carlinhos de Oliveira, decidi que o que mais desejo fazer nada vida é ser cronista.

Acredito que todos nós, sem exceção, todo dia que saímos de casa, queiramos nós ou não, participamos de um grande filme mudo chamado vida e que tem sempre alguém bisbilhotando tudo o que a gente faz e falando da gente pelas costas. Neste caso, alguns são como eu e escrevem crônicas.  Muito prazer!

Curadoria Márcia Denser